Nas comemorações do Dia da Nacional da Caatinga,
parlamentares, ONGs e representantes do MMA defendem urgência para
combater desmatamento e desertificação no bioma que já é o segundo mais
devastado do País
A Caatinga, que abriga 27 milhões de pessoas e abrange cerca de 11%
do território nacional, está em ritmo acelerado de devastação. Números
apresentados nesta quinta-feira (28/04) em audiência pública na Câmara
dos Deputados revelam que 2,8 mil Km2 do bioma são transformados em
lenha anualmente no segundo mais ameaçado do País. O total equivale a
40% da matriz energética da região, uma das mais sujas do Brasil.
O encontro, que fez parte do Dia Nacional da Caatinga, serviu de
alerta para a necessidade de se buscar urgentemente modelos de
sustentabilidade socioambiental e econômica para a região. O Ministério
do Meio Ambiente anunciou que vem avançando, em convênio com os estados
do Nordeste, onde está a maior área de Caatinga, no sentido de criar e
implementar pelo menos 40 novas Unidades de Conservação, na tentativa de
conter o avanço da desertificação.
“Os cenários de mudança climática indicam que a Caatinga vai se
tornar mais árida do que já é, então os desafios para toda a população
que vive nesta área serão ainda maiores. A necessidade de se definir
estratégias mais sustentáveis para a ocupação e exploração econômica da
região é urgente”, afirmou o secretário de Biodiversidade e Florestas do
MMA, Bráulio Dias.
Para o deputado Sarney Filho (PV-MA), coordenador da Frente
Parlamentar Ambientalista, “nenhuma política de desenvolvimento para a
Caatinga produzirá resultados duradouros se não incorporar, de forma
efetiva, a preocupação com o uso sustentável dos seus recursos
naturais”.
Ele defendeu “o envolvimento social e econômico da região” como
condição para a solução dos problemas ambientais do bioma. O parlamentar
lembrou o compromisso firmado pelo Brasil na Convenção sobre
Biodiversidade, em Nagoya, no Japão, afirmando que se o desmate da área
continuar ocorrendo no ritmo atual, “nem em um século será possível
alcançar a meta de proteger pelo menos 10% do bioma”.