[EcoDebate]
A biologia favorece a aplicação de modelos para diagnósticos e
prognósticos de situações através de modelos que desenvolve a partir da
definição de relações hierárquicas. Um modelo é uma formulação que imita
um fenômeno real, e pela qual se podem fazer projeções consistentes.
Citando a Biologia clássica, a partir do livro Ecologia de Eugene Odum
(Ed. Guanabara, 1988), emerge o conceito de ecossistema, como a
inter-relação entre organismos vivos e não vivos que interagem entre si
de forma hierarquizada.
Ecossistema é qualquer unidade que abranja todos os organismos que
funcionam em conjunto em uma determinada área de espaço físico e que
interajam com o ambiente com fluxos de matéria e energia que produzam
estruturas bióticas definidas e ciclagem de materiais entre as partes
vivas e não vivas.
O ecossistema é a unidade funcional básica da ecologia, estando
parametrizada pelos níveis de organização e relações sistêmicas para
definir a emergência das propriedades. Os ecossistemas tem estrutura e
podem ser abordados de forma “holológica” ( por inteiro) ou “merológica”
(em partes).
Dentro da biologia, é expressiva a corrente que defende o controle
biológico do ambiente geoquímico, também conhecida como “Hipótese Gaia”.
Este enunciado sustenta que os organismos evoluíram junto com o
ambiente físico, formando um sistema complexo de controle que mantém as
condições da Terra favoráveis a vida.
A dimensão biológica da abordagem ambiental em alguns aspectos,
ressalta os fatores limitantes da vida (como temperatura, pressão,
salinidade, umidade e outros), e as necessidades de preservação
ambiental para manutenção das inter-relações.
O conceito de fator limitante pode ser bem compreendido a partir da
Lei dos mínimos de Liebig. A idéia de que os organismos não são mais
fortes do que o elo mais fraco de suas cadeias ecológicas foi expressa
por Justus Liebig em 1840. Ele foi o pioneiro na pesquisa de
fertilizantes inorgânicos na agricultura.
A presença de um organismo ou grupo de indivíduos e o sucesso de suas
ações dependem da adaptação de condições próprias aos limites
determinados por fatores como temperatura, salinidade, insolação,
exposição, presença de nutrientes e outros atributos do meio físico que
determinam as possibilidades dos seres vivos.
Este conceito se aprofunda com a idéia dos limites de tolerância, tão
utilizados em medicina, onde os excessos ou ausências de determinados
fatores, como os já citados, impede a evolução da vida. Então, qualquer
condição que se aproxime ou exceda o limite de tolerância de um
determinado fator para um organismo ou grupo de organismos, pode ser
considerado um fator limitante.
Para avaliação dos impactos ambientais são utilizados bioindicadores,
que são organismos ou comunidades cujas funções vitais se correlacionam
tão estreitamente com determinados fatores ambientais que podem ser
empregados como indicadores em determinadas situações.
Esta definição inclui conscientemente a indicação de comportamentos
naturais. Na agricultura, podemos inferir sobre as características de
uma região, apenas pela presença ou ausência de determinadas espécies
vegetais ou animais.
O termo biomonitoramento ou monitoramento biológico, pode ser
definido como o uso sistemático de respostas biológicas para avaliar
mudanças ambientais com o objetivo de utilizar esta informação em um
programa de controle de qualidade.
No Brasil, algumas iniciativas no uso de bioindicadores tem sido
propostas para bacias hidrográficas que sofrem a influência do
lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais. Muito ainda
pode ser dito nesta área, mas é possível avaliar a importância do meio
biológico no contexto das análises ambientais sistematizadas.
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia
Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em
Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 20/04/2011
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