A educação ambiental é fundamental para que o cidadão adote a coleta
seletiva e, embora não esteja formalizada nos currículos, muitas escolas
já têm adotado a matéria em seus programas. “Na verdade, ela [a
educação ambiental] é transversalizada. As questões têm que fazer parte
de todas as discussões. Nada impede que uma escola tenha um programa de
educação ambiental. As crianças sabem da obrigação de cuidar do
planeta”, explica a coordenadora de Consumo Sustentável do Ministério do
Meio Ambiente (MMA), Fernanda Daltro.
A coleta seletiva de lixo está implantada em 443 municípios
brasileiros – apenas 8% dos 5.565 – e em muitas cidades a população
ainda não colabora. “O erro é do planejamento. Não se implementa a
coleta seletiva sem um programa de educação ambiental antes. A pessoa
tem que ser informada sobre o porquê de fazer a coleta e como aquilo se
reverterá em benefícios, não só para a família dela e seus
descendentes”, explica o coordenador do núcleo de Educação Ambiental do
Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Genebaldo Freire.
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que todos os
municípios do país tenham coleta seletiva em quatro anos e os lixões
estarão proibidos. Os programas de educação ambiental são desenvolvidos
em várias escolas públicas e privadas com foco na coleta seletiva
Crianças de 1ano e 8 meses a 6 anos de uma escola do Lago Sul, em
Brasília, participam de atividades extracurriculares onde aprendem sobre
a coleta seletiva e também que não se deve jogar lixo no chão, porque
os resíduos entopem bueiros e podem prejudicar o escoamento da água da
chuva, provocando alagamentos.
“Essa conscientização eles têm desde pequenos. Embora muitos não
saibam ler, aprendem sobre a coleta seletiva por meio das cores”,
explica a coordenadora da escola, Edna Regina. Algumas cores foram
padronizadas para a coleta seletiva: vermelho para o plástico; amarelo
para o metal; verde para o vidro; azul para o papel e cinza para aquele
resíduo que não pode ser reciclado ou misturado.
O que é jogado também fora pode virar arte. SandraVirgínia Scheid é
dentista e artesã em Porto Alegre. “O mundo é rico em resíduos. Faço do
lixo um tipo de arte”. Ela utiliza os materiais descartáveis de seu
consultório, como sugador de saliva e seringas, para fazer quadros. O
objetivo é educar. Sandra explica que o interesse surgiu há seis anos,
com o nascimento de seu filho. “ Eu ficava assustada com a quantidade de
fralda que jogava fora e pensava que tinha que fazer algo. Utilizar
material do consultório foi uma consequência.”
O papel da sociedade na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é
fundamental. O MMA prevê uma campanha de consumo consciente por ano.
Segundo Fernanda Daltro, o próprio ministério percebu que não será
suficiente. “A campanha Saco é um Saco foi um grande sucesso, com todo
mundo falando. Nós temos um departamento de produção e consumo
sustentável que vai estimular os consumidores e o setor produtivo a
desenvolver novos padrões, com menos impacto no meio ambiente.”
A próxima campanha, segundo ela, será sobre a separação de resíduos sólidos.
Reportagem de Ana Lúcia Caldas, do Radiojornalismo ABr, publicada pelo EcoDebate, 09/05/2011
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